Sweat Shop
Miúda, a chinesa cantarola com voz estranhamente grave. Embora o rumor da manufatura sob o chão seja enorme – o porão tomado por máquinas de costurar, bordar, capazes de overlock rapidíssimo e outras façanhas – ela teima em relembrar tons da infância em casa. Mexe os lábios e sente o diafragma. Chamaria a atenção, se alguém se dignasse a levantar a cabeça. Jornada intensa, todos ali afundam o olhar nas operações que as mãos devem realizar com destreza. Caso contrário, o bicho pega.
Há também bolivianos, angolanos, somalis e brasileiros. A chinesa não calcula as horas, encalacradas apenas entre o trabalho e o sono. Há pouca luz, o idioma lá fora é estranho. Dentro, uma babel. Moram ali mesmo, num depósito adaptado ao lado, que já foi mais sujo. O dinheiro aqui é pouco. Pra ela, que é de lá, vale bem mais que o cansaço.
É jovem, pálida e tem varizes. A chinesa está apaixonada. Borda casacos de tecido sintéticos, destes que cortam o vento, semi-esportivos, vendidos aos montes em avenidas cheias de gente. Qualquer cidade de médio porte tem uma delas, visto que o mundo demanda. Mais especificamente, no atual panorama da divisão do trabalho, a chinesa está responsável por imprimir o slogan “Catch Tha Mouse” nas costas dos casacos, de cor negra e gola/mangas vermelhas. Logo abaixo da frase a estampa de um homem musculoso, dragão tatuado no peito desnudo, braços cruzados e luvas de lutador, olhar assassino.
Uma flor enfeita seu rosto. Roxa e amarela, já prestes a secar. A chinesa saiu estes dias e colheu duas ou três, por brincadeira. Está apaixonada por um brasileiro, vizinho de fileira na manufatura têxtil subterrânea. Não entende bem o que fala, ela que do português apenas maneja alguns verbos nos infinitivo e numerais ligados à contagem do salário. Decorou, há pouco, a quantidade mensal de horas trabalhadas: “quatlo-centos”, sorriu para o espelho ao conseguir pronunciar pela primeira vez.
O brasileiro se mexe calmo, parece conduzir a vida com alguma elegância. Magro, moreno, sobrancelhas grossas, antes das têmporas talhadas com precisão. Poderia ser um meio-campista do futebol nos anos 50. Vai com calma, senta-se ereto no banquinho defronte à máquina, antes de começar analisa bem a feição de todos que trabalham a seu lado, suspira bem de leve e se concentra. Concentra-se: não se prostra. Recebe resignado o resultado do fim do mês, sempre desconfiando de seus compatriotas patrões. Ama a vida, percebe-se quando ao fim do dia sobe os degraus do porão.
Todavia, ignora a chinesa. Parece andar noutro plano, ali no porão. Ela, que desajeitada meneia os cabelos quando o vê passar para o café. E sofre. Perde a atenção.
O contramestre, ele sim já percebeu. Boliviano, bufa ao seu lado. Quer resultados. Há portos para abastecer. A chinesa, nervosa, avermelha-se. Confunde as palavras na cabeça, quando pensa no que dizer ao amado. O contramestre passa-lhe rente ao cotovelo. A máquina escreve: “C-A-T-C-H”… Daqui a pouco é o intervalo. Hoje é sexta-feira. São 400 horas/mês. Não consegue fazer as contas na cabeça: haverá ou não folga no sábado? É quase verão.
“H-A-T”…, vai errado o artigo definido.
(O contramestre, quando dorme, sonha com seu próprio porão).
“No, no lo hagas así!”, berra numa língua que ali aprendeu-se a odiar. A chinesinha, sobressaltada. Distante, o brasileiro sorri de leve, conversando no café com os companheiros. Não vê nada ao redor: o intervalo é sagrado.
O rumor das máquinas ensurdece. O casaco está perdido enquanto mercadoria. A frase inglesa perde o sentido desejado. A chinesinha perde a folga. O contramestre arranca-lhe violentamente o produto das mãos. Bufa ao examinar o erro. É baixo, tem os cabelos lisos. Sua mais que todos os outros ali.
Aos poucos tranquiliza-se. A chinesa pensa que é normal que isso aconteça. Afinal, ela tem outras coisas mais importantes na cabeça. A cabeça, sempre baixa, quase anexa à máquina. Desconcentra-se: e daí? O contramestre, fixo nos detalhes do casaco preenche-se da ideia: aquilo não deve ser desperdiçado. Deixa-se tomar pelo alívio produtivo típico dos administradores. Sejam eles grandes ou pequenos.
Sai sem dizer palavra. O comprador chega às trẽs. Sem titubear, no cubículo envidraçado de onde acredita gerir recursos humanos, dobra o casaco e o empilha junto a centenas de outros.
Instruções para chover
Em frente ao prédio, a rua do centro da cidade, as poças colecionam chuva há algum tempo. As fendas, por sua vez, colecionam poças. Abaixo delas, vitórias-régias tremem de frio.
Há nelas um pouco da calamidade que nos cerca. A cachorra não percebe. Cava bem no meio da rampa de concreto de acesso à garagem. Mesmo com o som difuso dos pingos, pode-se ouvir suas unhas arranhando o concreto. Procura algo enquanto um fio fino de água começa a descer em direção ao subsolo, onde estão os carros.
Ao mesmo tempo, a cachorra pára e me mira através: chega com os olhos à chuva que está atrás. Ao interromper a primeira busca e empreender a segunda, agora com os olhos apertados e distantes, chafurdando na paisagem, percebo que sua perna esquerda traseira mexe involuntária. Eu fixo ali, enquanto a cachorra me atravessa.
Sei entrar pela garagem deste prédio que não é nosso. Chego já após o expediente, embora alguns indivíduos permaneçam aqui, perambulando pelos andares, entre uma reunião e outra. Conhecem-me, mesmo fingindo o contrário. Prefiro ir pelas escadas sempre, temo que o elevador enguiçe comigo dentro e ninguém ouça meus berros. No terceiro andar, rumo ao ático, trombo uma figura sinistra, com chapéu pontiagudo a esconder a calvície. As têmporas afundadas numa fronte que periga submergir,. Olha-me de soslaio, retirando-se de algum aposento para atender o celular na esquina escura do corredor. Nota-se que trama, que planeja, mas não escuta. Chove a cântaros, o ruído torna-lhe impossível compreender seu interlocutor. A ligação é cortada. Ele parece desesperar, percebe-me, enfara-se em seu próprio sobretudo. Some à direita. Sua sombra, projetada na luz amarela, permanece comigo.
Em solidariedade, a cachorra, perna trêmula, também sobe as escadas. Não se pode depreender sua idade, mas o pêlo está úmido e muito maltratado. O focinho cinzento de tanta cidade.
Vamos ao ático.
No último lance de escadas, chega-me aos pés uma torrente de água cada vez mais grossa. Vem túrgida, suja, viscosa. Penso nestes adjetivos todos quando me inclino para tocá-la. Penso em seus antônimos e sua inerente utilidade. A cadela lambe a água, os degraus, minhas botas. Mas o ruído de fundo muda. A metereologia muda. Outra sombra projeta-se de cima sobre nós. Há uma serra rilhando contra material duro. Olho pra cima, um homem de trajes verdes escuros, militares, barba ruiva artificialmente desgrenhada, surpreende-se comigo. Estou no último lance de escada, a cachorra não late, há apenas a possibilidade de luz pela brecha da porta. O homem está nervoso e oprime as próprias arcadas dentárias uma contra a outra.
Empurro-o com força. Não sou bom sem o elemento surpresa. Funciona, pois ele se espanta e impede seu ódio. Voa pelas escadas e me ultrapassa. Não queria nada comigo. Ouço seu tropeção, sua batida contra o portão de ferro da garagem. Machucou-se sem querer.
Ao sairmos, a cachorra cruza abrupta meu caminho, como se precisando chegar antes num ponto decisivo. Pára defronte ao pequeno canteiro de plantas decorativas. Sobre ela a água cai torrencialmente. Ela analisa as poças. Escolhe uma delas e volta a cavar.
Movimentos Sociais e sua Política de Comunicação – II
Bem, a ideia do bate-papo era problematizar as condições necessárias para um movimento social formular uma política própria de comunicação. Como a vida contemporânea é permeada pelo uso dos meios de comunicação e o militante social geralmente é umx sujeitx que pensa e conversa bastante sobre a luta da qual participa, uma boa estratégia é tentar cruzar estas duas formas de participação – numa sociedade informacional e num movimento social. Assim, se pode tornar mais explícitas e públicas suas implicações, sistematizando-as em possíveis linhas de ação. Ou seja, fazer com que os participantes tomem consciência de como produzir e/ou se apropriar meios de comunicação em prol de sua luta.
Algo importante é deixar uma coisa bem clara: comunicação é uma coisa, jornalismo é outra. Jornalismo é uma forma específica e tecnicizada de produção de discurso sobre a realidade, que segue uma longa cadeia de regras de conduta, ensinadas em faculdades e aprendidas no cotidiano das redações. Conheço o jornalismo a partir dos produtos que gera, aos quais temos acesso no noticiário diário e que posso analisar na condição de leitor e leigo. Nada mais do que isso posso dizer sobre o tema.
Já a comunicação é o que nos diferencia como humanos. É a partir dela que se apreende e transmite a realidade circundante. Ao lado do trabalho e do jogo, é ela que fundamenta qualquer proposta pedagógica libertadora. Portanto, nos é acessível e, exatamente por isso, pode transformar-se em potente ferramenta de luta. Um movimento social pode formular sua política de comunicação prescindindo de jornalistas. (Contar com eles, no entanto, é sempre bom.). A capacidade de produzir comunicação, não só de consumi-la, rompe a dicotomia estanque entre emissor e receptor que, no campo da produção da informação, reproduz a divisão social do trabalho vigente no capitalismo.
O procedimento seguinte é perceber os grupos que disputam a opinião pública e suas posições materiais. Quais delas veêm-se mais próximas na fabricação de hegemonia? Quais as formas, suportes, veículos, estratégias discursivas, para alcançá-la? Como diferenciar os veículos dentro de um bloco hegemônico? Ou seriam todos equivalentes? Quais as especificidades dos veículos anti-hegemônicos? Quais as estratégias que um movimento popular deve desenvolver diante destas multiplicidades?
A partir destas perguntas, montamos um diagrama ainda superficial. Lutam, no campo da opinião pública, grupos que poderiam ser assim agrupados:
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Mídia burguesa conservadora (MBC): conglomerados de grande alcance; burguesamente organizados (no sentido de viverem da exploração do trabalho e da receita publicitária, de serem uma empresa cujo objetivo importante, embora não único, seja lidar com a informação enquanto mercadoria) num dos ramos mais lucrativos no capitalismo contemporâneo; politicamente, produzem audiência passiva (no máximo, contam com espaço para comentários nas matérias, “cartas ao leitor” ou o “curtir” das redes sociais); atrelados historicamente às elites dirigentes do país, com participação ativa na legitimação dos governos de regimes de exceção; trabalham com as arcaicas noções de objetividade e imparcialidade. Exemplos: Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, RBS, Globo, Ed. Abril, Fox News, Clarín, etc.
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Mídia burguesa progressista (MBP): também burguesamente organizada e com receitas publicitárias menores (geralmente com grande participação da mídia estatal); pauta temas candentes também na MBC, mas a partir de um prisma menos moralista ou conservador politicamente; admite a subjetividade na produção do ponto de vista jornalístico, embora geralmente não deixe claro a que grupo, na realidade material, atrela-se (na época atual, na qual predomina a tendência financista predatória no capitalismo globalizado, tende a defender elites industriais nacionais e centrais trabalhistas “amarelas”, legitimando então o pactos social); encanta-se pelo discurso do capitalismo verde, sustentável; indigna-se com a retirada de políticas sociais focalizadas; pauta de forma avançada questões identitárias ligadas à xenofobia, aborto, homofobia, uso de entorpecentes; sensibiliza-se com as pautas dos movimentos sociais, oferecendo-lhes espaços esporádicos; ainda produz audiências passivas, etc. Ex: Carta Capital, Revista Piauí, The Guardian. (Outros exemplos são bem-vindos).
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Mídia Burguesa Especializada (MBE): Mobilizada pelos setores progressista e conservador da burguesia informacional, interessa aqui por que fornece dados e análises dos quais outras frações burguesas não podem prescindir. Mais do que nos dois segmentos midiáticos supracitados, deve aparecer como extremamente técnica e desinteressada. Mas suas ligações materiais continuam com os mesmos grupos – vide o exemplo do jornal “Valor Econômico”, no Brasil. Outros exemplos: Gazeta Mercantil e The Economist. (Vale dizer que a sugestão, absolutamente acertada, de inclusão deste ramo no diagrama, veio dos participantes da oficina do MPL)
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Mídia de Esquerda (ME): próxima a movimentos sociais e/ou partidos políticos e às questões e pautas que produzem, embora ainda organize seu discurso de forma eminentemente jornalística; geralmente recebe recursos de colaborações, doações ou publicidade específica; explicita de onde fala, desacredita as intenções de “objetivar” e “imparcializar o discurso”. Exemplos: Democracy Now!; revista Caros Amigos, agência Carta Maior, jornal Brasil de Fato, Le Monde Diplomatique, Rádio Agência Notícias do Planalto, etc. (outros exemplos são bem-vindos).
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Mídia dos Movimentos (MMs): aquela que apresenta a plataforma dos movimentos sociais a partir de decisões estratégicas tomadas em seu planejamento de lutas. Abrange formatos que transcendem o jornalismo profissional ou o colunismo de especialistas. Pode incorporar ou gerar com criatividade expressões que abarquem a ludicidade – a mística, nos movimentos da Via Campesina, ou os comunicados zapatistas redigidos pelo Sup. Marcos, são exemplos fortíssimos desta reapropriação linguística e produção autônoma de estilo.
Implica uma articulação com outras dimensões de organização da luta, como os espaços de formação e de trabalho de base (ou “frente de massas”, na nomenclatura de alguns).
Parte do pressuposto que todxs podem produzir mídia.
Tem claro o ponto do conflito social de onde fala, a centralidade da comunicação na luta atual e a necessidade que ela seja um meio, e não um fim em si mesmo – sua instrumentalidade. Exemplos de veículos são inúmeros.
Sobre estes pontos, devemos nos debruçar com mais calma no próximo texto.
Movimentos Sociais e sua política de comunicação – I
Nesses dias o MPL Floripa convidou para batermos um papo sobre produção de programas de rádio. Elxs desejam lançar alguns conteúdos em áudio, sistematizar as discussões sobre a iniciativa da tarifa zero e publicizar não só sua absoluta necessidade, mas principalmente sua transparente viabilidade. Topei na hora a conversa, até por que me admira a capacidade do movimento de propor algo interessante na paisagem um tanto árida das lutas sociais atuais. Vale lembrar que o transporte coletivo nos centros urbanos brasileiros associa-se a uma faceta muito atrasada do nosso capitalismo, erigida por décadas de lógica rodoviarista e cultura do automóvel, por um lado, e por um setor empresarial de visão arcaica e dependente de laços espúrios com governos municipais.
Ao sentar para preparar algo, uma introdução à concepção de comunicação construída em duas frentes de luta distintas (a rádio de Tróia e a rádio comunitária do Campeche), foi prazeroso reler alguns textos-base, tais como o material do Hans Magnus Enzensberger produzido no começo dos anos 70 (teses socialistas sobre comunicação de massa) e uma coletânea argentina sobre “Contra-Información”. Uma coisa que deveria ser mais corriqueira se passou: aqueles textos confirmavam algumas discussões e experiências vividas, ampliava-lhes algumas perspectivas, atualizava outras. Enfim, relacionavam-se de forma igualitária com a prática política.
Mostravam também seu limite diante de alguns aspectos da realidade comunicacional hoje, nas quais qualquer um é incessante produtor informacional (vide a avalanche de vídeos para o youtube e o uso incessante de redes sociais), embora isto esteja longe de algo como a democratização da comunicação e a produção de contra-hegemonia. É só atentarmos para a persistência material e ideológica dos grandes conglomerados de mídia no Brasil, América Latina e mundão. E também para a incapacidade de este ambiente crescentemente colaborativo gerar organização coletiva radical em níveis diretamente proporcionais. Há a colaboração como fim em si, não como meio – e isso não resolve os problemas fundamentais.
As ideias foram aos poucos pipocando na cachola. Vi então que a conversa inicial, apenas para introdução e contextualização de algumas noções, tomaria mais espaço do que o previsto. A parte dita técnica, de confecção de roteiro, gravação e edição de material, teria que ceder um pouco. Assim, pensei que seria interessante debatermos juntos o que seria uma política de comunicação do Movimento Passe Livre, movimento social contemporâneo que é.
Até por que a questão da mobilidade urbana está na pauta já há algum tempo, tanto em Florianópolis quanto no Brasil. Sobre o tema há material produzido por veículos de todos os espectros ideológicos. É uma questão recorrente na “opinião pública”.
No entanto, diferentemente dos estudos de Norbert Elias sobre este tema, a opinião pública não pode ser reduzida à expressão de veículos midiáticos ligados a tendências políticas institucionais, confluindo para expressar os matizes de um habitus nacional. Ao contrário, ela expressa conflitos em relação a visões de mundo ligadas a posições materiais dos grupos, que transcendem a expressão burguesamente organizada em conglomerados de mídia. Aliás, não é exatamente a operação de confundir tais conglomerados com a totalidade da opinião pública que interessa à mídia burguesa? Não é o mais desejado em termos de legitimação social e fabricação do consenso?
Há de se expandir o campo. No que diz respeito à formação da opinião pública, reivindicar um papel importante para as mídias produzidas pelos próprios movimentos sociais e populares, que buscam instaurar claramente um conflito, advindo de sua posição na luta pelo aprofundamento da democracia e transformação das estruturas materiais.
Assim, na opinião pública entendida como campo de conflito e luta, a mobilidade urbana tratada pelos veículos de comunicação burguesa pode até expressar um problema visível, mas não alguns dos seus fundamentos e razões. A apropriação capitalista dos meios de transporte, a maneira desigual como a cidade é vivenciada pelos trabalhadores e pelos burgueses, as alianças entre empresas de ônibus e grupos políticos hegemônicos, etc… Qual a incidência destes fatores nas reportagens sobre o trânsito? A própria falta de discussão acerca de obras viárias mirabolantes (tais como a quarta ponte em Florianópolis ou seus viadutos da Seta e do Rita Maria), absolutamente desatreladas de posicionamentos acerca da possível reversão da cultura do carro e da organização da cidade de forma diversa daquela voltada apenas para a circulação de mercadorias (mormente força de trabalho) não podem aparecer, pois isto não está no horizonte dos interesses dos veículos da mídia burguesa hegemônica. Vê-se uma faceta do problema (no caso, o tempo que as classes alta e média motorizada perdem nos engarrafamentos), mas não a contradição que a origina. Para expô-la, aí entra o movimento social e sua política de comunicação.